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Caminho Marítimo para a índia
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8 de Julho de 1497. A data é histórica e marca o arranque da grande expedição que partiu de Lisboa, liderada por Vasco da Gama, em direcção à Índia, “por mares nunca de antes navegados”, como escreveu Luís de Camões na obra épica Os Lusíadas. A viagem tinha como objectivo descobrir a rota marítima para a Índia, também como forma de chegar directamente ao abastecimento das especiarias, que no século XV tinham um extraordinário valor económico, como a canela, o gengibre, o açafrão, a noz-moscada e o cravinho. Apesar de serem cada vez mais apreciadas pela realeza e a alta burguesia, fosse para a cozinha ou por questões medicinais, as especiarias chegavam ao reino em quantidades reduzidas, via Veneza, onde Portugal se abastecia.vando anos de explorações marítimas – em 1487, já Bartolomeu Dias havia feito história quando se tornou no primeiro europeu a dobrar o Cabo das Tormentas –, crescia a vontade da coroa portuguesa de intensificar os esforços para encontrar a rota oriental até à Índia. Tendo servido o rei D. João II como um experiente marinheiro, Vasco da Gama acabou em 1497 por ser escolhido por D. Manuel I para liderar a epopeia. O navegador, que partiu de Lisboa a 8 de Julho de 1497, seguia como capitão-mor de quatro embarcações: a nau São Gabriel, comandada pelo próprio Vasco da Gama e cujo piloto era o experiente Pêro de Alenquer; a nau São Rafael, sob as ordens do seu irmão Paulo da Gama; a caravela Bérrio, que tinha como comandante Nicolau Coelho; e finalmente a nau de mantimentos, chamada Redonda, comandada por Gonçalo Nunes.

Inicialmente, ao longo da costa marroquina, seguindo a rota usual em direcção às Canárias e ao arquipélago de Cabo Verde, era tudo bastante familiar aos navegadores portugueses. Seria contornando o continente africano que se seguiria uma longa e desconhecida travessia oceânica. Ao fim de trezentos e doze dias desde que largara Lisboa, percorridos uns surpreendentes 25.386 quilómetros, com diferentes paragens para reabastecimento e manutenção, Vasco da Gama avistou pela primeira vez terra indiana. Rumando a sul, a frota chegou no dia 17 de Maio ao largo de Calecute, destino que o navegador levava nas suas instruções pela importância desta cidade como grande entreposto do comércio oriental na costa do Malabar.Vasco da Gama tornava-se então no primeiro navegador a unir a Europa à Índia, por via marítima, e a estabelecer uma nova rota no comércio das especiarias para a Europa, um marco absolutamente notável e sem precedentes que mudaria o mundo. A comitiva portuguesa não foi, contudo, bem recebida e as negociações não correram de feição. Segundo o relato de Álvaro Velho, no diário que fez da viagem, quando os representantes do Samorim – o rei de Calecute – viram que os presentes de Vasco da Gama se compunham de lambéis, capuzes de lã, chapéus, ramais de coral, bacias, açúcar, azeite e mel, começaram a rir-se, dizendo que aquilo não era presente digno. O Samorim apenas aceitaria ouro. Vasco da Gama ainda tentou justificar a insignificância da oferta, afirmando que não era mercador, mas sim embaixador, e que tais mercadorias eram suas e não do rei de Portugal. E que quando este o enviasse de novo a Calecute, então ofereceria muitas outras coisas de valor. Na crescente tensão, acabou por ser concedida autorização aos portugueses para comerciarem na cidade.

A viagem de regresso a Lisboa dá-se em Outubro do mesmo ano, chegando o navegador a Lisboa no Verão de 1499. Vasco da Gama comandou uma segunda expedição à Índia em 1502 e em 1524 foi nomeado Governador da Índia e enviado de novo para aquele país, onde acabaria por morrer.