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A sul, diz-se muitas vezes em tom de brincadeira que o norte do país fica logo acima de Coimbra, como se de um sítio apenas se fizesse uma região tão vasta e diferente entre si. Brinca-se por causa do sotaque e da gíria e aponta-se, na maior parte das vezes, ao Porto. Mas há tanto mais que vale a pena descobrir.É óbvio que o Porto é paragem obrigatória e que a cidade não se aproveita como deve ser em pouco tempo. É para se calcorrear as ruas; descobrir os petiscos que fazem história em casas afamadas da cidade; subir à Torre dos Clérigos; entrar na Livraria Lello; apreciar os jardins com vista para o rio Douro; devorar uma francesinha; e descer à Ribeira, uma das zonas mais antigas da cidade e uma das mais bonitas também. Atravessando a pé a ponte D. Luís, do lado de lá do rio, o Cais de Gaia e muitos barcos a convidar a passeios no Douro. Um rio que merece ser explorado na sua magnitude na região que lhe dá nome, o Douro.
É difícil não se sentir pequeno na imensidão do Alto Douro Vinhateiro. O verde é a cor dominante da paisagem, das vinhas em socalcos ao rio que circunda os vales. Aqui, ficam algumas das maiores e mais conhecidas quintas vinícolas, quase todas com programas de visitas e provas. Se é verdade que um passeio de barco Douro acima, Douro abaixo, é uma oportunidade única de se envolver na paisagem singular, não é de se descartar uma aventura de carro, entre miradouros com vistas de tirar o fôlego. Experimente percorrer a Nacional 222, entre Peso da Régua e Pinhão, ao longo da margem esquerda do rio – em 27 quilómetros conte com 93 curvas, não há muitas estradas assim. Se conduzir não é uma opção, há sempre o comboio, que acompanha o curso do rio.Mas há mais a norte, terra também feita de mar, embora mergulhar nestas praias possa ser, para alguns, quase uma actividade radical. As águas são frias, é certo, mas perfeitas para desportos náuticos. Com a vantagem de não se encontrarem areais tão concorridos (e bonitos) como a sul. De Matosinhos a Caminha, o difícil pode ser escolher onde estender a toalha, sabendo que qualquer zona será uma surpresa, onde valerá a pena também marcar mesa, seja para comer um peixe fresco, uma mariscada ou até pratos mais típicos da zona. Viana do Castelo é o exemplo perfeito disto: o mar fica de um lado, o rio do outro, a montanha é a paisagem de fundo e os pratos são sempre fartos, como um bom cabrito ou uns rojões à moda do Minho.
Desbravando o Alto Minho, eis o que não faltará: boa gastronomia tradicional, vinho verde (especialmente em Melgaço e Monção), aldeias recônditas, serras e vales. Em Ponte de Lima, conhecerá a vila mais antiga de Portugal; em Paredes de Coura e Vilar de Mouros, dois dos festivais de música com mais história no país.O Parque Nacional da Peneda-Gerês, no extremo noroeste de Portugal, entre o Alto Minho e Trás-os-Montes, é o paraíso bucólico. Tanto pode ser um destino quando o que se procura é honrar a arte de não fazer nada, aproveitando o sossego da envolvente, como pode ser a escolha certa para dias de acção. Há vários trilhos e passeios, desporto e aventura e muitos sítios para mergulhar, alguns com cascatas surpreendentes, nem sempre de fácil acesso. Um cenário que, aliás, se repete por Trás-Os-Montes.
De Lisboa, a viagem pode parecer longa, mas valerá todos os quilómetros. Sabia que o ponto mais oriental de Portugal situa-se em Paradela, em Miranda do Douro? E que nesta zona pode visitar os seis castelos que constituíram a antiga estrutura defensiva de fronteira? Ficam em Bragança, Algoso, Penas Róias, Mogadouro, Miranda do Douro e Vinhais.