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Fifty Seconds
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50 segundos. É o tempo que leva até chegar à porta do FIFTY SECONDS (daí o nome). A subida de elevador é, por si, uma experiência. O prenúncio de que está para começar uma refeição única, onde nada se faz por menos. Se é a vista panorâmica para o Tejo que, inicialmente, prende o olhar, é o serviço exemplar e o menu de excelência que o vão conquistar. Não por acaso, a primeira estrela Michelin chegou logo no primeiro ano de existência.Inaugurado em Novembro de 2018, este é o único projecto em Portugal de Martín Berasategui, o chef espanhol com mais estrelas Michelin na Península Ibérica – são 12, além do reconhecimento pelo Guia Michelin, em 2021, como “Cozinheiro Mentor”. Apesar de estar habitualmente no restaurante homónimo com três estrelas, em Lasarte-Oria, nos arredores de San Sebastián, de onde é natural, não são raras as vezes em que Berasategui se apresenta em Lisboa, onde tem uma equipa portuguesa aos comandos. Filipe Carvalho, que já tinha estado no Lasarte, em Barcelona, outro três estrelas de Berasategui, é o chef executivo e o chef espanhol não poupa nos elogios.

Sabe quem tem aqui e o esforço diário aplicado, da cozinha à sala. Sabe também que nada é feito de forma diferente da sua, apesar de cada um dos seus restaurantes ter uma identidade. E é por isso que Martín Berasategui não fala nunca no singular: “O Martín Berasategui não sou eu, somos todos”. Um colectivo que vai para além da sua equipa no restaurante, defende, e que inclui, entre outros, agricultores e pescadores, pequenos e grandes produtores.Por mais alto que possam subir, nem Martín, nem Filipe se esquecem de onde vêm. Fazem uma cozinha contemporânea e de vanguarda, com todo o rigor e exigência, mas respeitando sempre a tradição. Conhecem cada produto, trabalham-no da melhor forma, e enobrecem-no.

Mesmo assim, em Lisboa, no FIFTY SECONDS, há clássicos do chef espanhol que dificilmente sairão do menu como o mil-folhas caramelizado de foie gras, maçã verde e enguia, que o acompanha há anos, mas há também novidades que vão entrando na carta, assim queira a natureza – porque é na época de cada ingrediente que se tira o máximo partido. É por isso que cada prato não é só fruto de muito trabalho, técnica e numerosos testes; é também resultado de muita paixão e dedicação. Ou ‘garrote’, como dirá Martín Berasategui, que em 2021 viu esta sua expressão entrar para o dicionário da Academia Real Espanhola. “É atitude, é garra, é positivismo, é generosidade, é somar, é multiplicar.” É, no fundo, tudo de bom que o chef quer representar e passar.O menu de degustação com 12 momentos é a melhor forma de fazer esta viagem gastronómica, que cruza sabores daqui e de lá. É para se fazer com tempo, sem pressas a atrapalhar a experiência. O ambiente é requintado, sem nunca ser pesado, numa sala circular invulgar com apenas dez mesas. O serviço é atento, sem nunca ser intrusivo; exigente sem nunca ser pesado. E o melhor está ainda por vir, acredita Berasategui.